terça-feira, 1 de outubro de 2013



Achei-te
Reflexo sem cor
Pálido… escoar do tempo
Desbotado… esculpido indolor
Gélido… tempestade sem vento
 
Achei-te
Distante… refugio de memória
Sobressaltado… em rebelião sem tento 
Refletido… negação vadia
Pretensioso… alarde sem fundamento
 
Mostrei-TE(ME)
Verdade escondia
Desnudada… de uma alma sem medo
Intempestiva… na ausência revogada
Inconsequente… por amor sem credo
Inabalável… paixão sustida

Inútil… juízo adulterado
Porque és impenetrável…
Coração-rochedo…

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Rasguei-te de Mim...



Rasguei-te de mim
Do meu tempo cansado
Rasguei-te do meu passado…
 
Rasguei as cartas que me enviavas
Em que me contavas histórias inventadas
E me rogavas para esperar um tempo que nunca teve um fim…
 
Rasguei a porta por onde entravas
Cantando-me… sublimes palavras
Tão só quando desejavas chegar-te a mim…
 
Rasguei o teu cheiro com que me ladeavas
Aroma forte… adocicado com que me inebriavas…
Suave nota de perfume jasmim…
 
Rasquei teus lábios de minha boca quando a beijavas
Ludibriando-me… enquanto me provavas
Para que não sobrasse mais do teu sabor dúbio em mim…
 
Rasguei teus braços com que me levavas
Para a cama… onde me deitavas
E me enleavas em deliciosos lençóis de cetim
 
Rasguei-te do intervalo do meu cansado tempo
Em que me rasgaste por fora e por dentro
E joguei-te num poço onde não lhe oiço o fim…
 
(mas oiço ainda… oiço… os ecos que gritam dentro de mim)

domingo, 14 de julho de 2013

O sonho que para ti sonhaste...




Acordei-me hoje desistente
Olhei em meu redor…nem o nada vi
Pois que até o Nada era ausente…

Mesmo sem que de mim nada quisesses
A ti tudo de mim entreguei
Acreditando que um dia… talvez que me reconhecesses
No sonho que sozinha, contigo sonhei…

Sonhei que acordaria um dia
E que teus olhos encontraria
Cobrindo os meus…
 
Ooh minha tonta fantasia
Que deste sonho acordar eu não queria…

 
Mas tu…
Entendeste que meu sonho a ti não te bastaria
E sem sequer um Adeus… de mim partiste
Para viver com outro alguém
O sonho que para ti sonhaste…
Sim… Tu…
Tudo de mim contigo levaste…
Roubaste toda a minha vida
Pois que nem o Nada me deixaste…

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Teu jeito estranho de querer... ME



Tens em TI
Um jeito estranho de Me afastar
Como quem diz, certo, "Não"
Mas tudo atenta para me ver ficar...

E se me afasto,
Usas-te de palavras que me não dizes destinadas
Lançando-me aquele perfume teu... casto...
Inspirar de memórias que julguei apagadas...

Neste constante vacilar,
Incauta
Mergulho-me de Ti...
Ávida
Preciso respirar...
TE...

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Naquela encosta junto ao Mar...



Hoje um anjo
Sussurrou-me que te viu passar
Seguias cansado, em forte pesar
E paraste na praia
Numa encosta junto ao mar…

Teus olhos perdidos…
Desaguavam na imensidão do mar
Em gotas, lamúrios delidos
Transformando o oceano
Em reflexo de tua alma a sangrar…
 
Mas o que tu não sabes
É que também eu, hoje,  te vi passar…

Eu seguia cansada e só, em forte pesar
E parei na praia
Atrás de uma encosta junto ao mar...
Os meus olhos perdidos
Desaguavam na imensidão do mar
Em gotas disfarçadas entre meus dedos
Para que ninguém me visse chorar…
Por ti...
 
E lá estavas tu
Sem saber
Que nunca estiveste só...
Sabes…
Eu estive sempre lá
Partilhando do teu pesar
Naquela encosta silenciada
Escondida junto ao mar…
 

terça-feira, 4 de junho de 2013

Sei-me...


 
Sei-me Mulher
Mulher Amada
A cada instante que TE olho
Que ME olhas
E me sinto transbordar
De tudo
O que me faz falta...

terça-feira, 19 de março de 2013

Prenúncio...


Entre vários pedaços de tempo
 
Resgato pedaços de memória
 
Que se fizeram de mar e vento
 
Pois que as lembranças
 
São as vozes que ecoam no nosso silêncio
 
Pulsando a cada travo desta herança
 
A certeza do que outrora
 
Tão só o infundado prenúncio…
 
De uma razão cegada que hoje,
 
Hoje sei…
 
Se esfumou de vez…
 
Foi embora…

domingo, 27 de janeiro de 2013

Beijo-TE...

 
O beijo
Com que te beijo
Tem o gosto dos ventos quentes
Das misturas e perfumes
De todos os mares e continentes…

O beijo
Que te ofereço
Leva os sons vibrantes dos tambores
Crepitando entre lábios
Caricias e tremores…
 
...

Roubo-te um beijo…
Pede-me um desejo…
 

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

O Nada de Nós...


Existe um nada
Que preenche o espaço
Entre o meu olhar e o teu
 
Um nada que derrama
Uma sombra amargurada
Que sufoca uma angústia
Por nós teimosamente dissimulada…
 
Existe uma culpa
Por nenhum de nós reclamada
Arrogância doentia
Melhor pensar que não é nada…
 
E o nada vai crescendo
Entre o meu olhar e o teu
E a ferida nunca sara…
Do tanto que dói… do tanto que já doeu…