quarta-feira, 18 de abril de 2012

A tua imagem…



Aqui
Deste lado do vidro
Percebo que me falta
A nitidez de outrora
E os teus contornos
Não são mais traços contínuos
Mas pontos dispersos
Que como água
No tempo se evaporam
Dissolvidos pelo vento

Estico a mão
Como se impedir pudesse
Que te fosses…
E tudo o que sinto
É a frieza de um vidro
Que por meus dedos verte
E me absorve
Deixando-me assim
Sem memórias da luz
Que refletias em mim

Cerro os olhos
Rasos de vazio
Na esperança de reaver
A nitidez de tua imagem
Que teimo em reter
E enfim te encontro…
A Perfeição de ti
Tal luz que sempre vi
Que só eu vi…

E viverei uma vida inteira
De olhos bem cerrados
Para que o tempo e o vento
Não levem também
A imagem que guardo de ti
Fechada a sete chaves
No baú de minha memória…


Por Sandra Lopes

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Princípio do Fim...


Águas escorregadias
Rebentam
Turvas… amotinadas
Carregam sem consentimento
Espíritos desorientados
Visões cerradas
Mentes estropiadas
Em corpos cansados
Augura-se o fim…
Soam distantes
Tumultos infernais
Anjos sem asas
Perdidos do céu
Carpem agora
Em coros angustiados
Sob o negro véu
Que imponente os engole
Roubador de almas
Que imperturbável
Se funde nas águas
Águas escorregadias
Turvas… amotinadas
Águas perdidas…
Águas das Almas…



Por Sandra Lopes

terça-feira, 3 de abril de 2012

O despertar dos sentidos originais…



Num rasgo de consciência
Que desperta os sentidos originais
Vaguear pela libertação
Dos pedaços que chegam e parecem demais…


Livre… de pés descansos no chão
Correr entre bosques e areais
Sem destino e sem senão
Despertar para os detalhes fundamentais


Contemplar o sol… espiar a lua
Sentir o vento e sentir a chuva
Sem relógio e sem tempo
Desfrutar apenas de cada momento


Sentir os perfumes dos campos em flor
Rolar sobre os verdes mantos
Absorver os raios de luz e calor
Subir ao topo e rodopiar abraçando
O tudo e o nada de tudo o que deveras tem valor


Correr pelas praias na penumbra da noite até tombar
Sob o lençol de pirilampos celestiais
Ouvir as notas da imensidão do mar
Partilhar histórias até então confidenciais


Sair voando no dorso de um cavalo bravo
Rompendo planícies, rios e riachos
Ritmo solto… descompassado
Gritos de liberdade… sabores desenfreados


Gritos de liberdade… sabores desenfreados
Aceitar simplesmente o ser, sem pretensões
De todos encantar, sem pecados
Culpas, julgamentos ou objecções…


Por Sandra Lopes

in Pedaços de mim Soltos
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